quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ponto de Encontro: Pronto-Socorro



Ontem eu tive uma crise. A mais estranha que já tive na vida. =/


Minha médica é ótima pra acertar o remédio, mas jamais falte a uma consulta dela. Mesmo que a sua mãe esteja morrendo não falte, ou quem vai morrer é você.
Faz 20 dias que deixei de tomar a minha medicação, não pude comparecer por um motivo urgente, e todas as vezes que eu tenho entrar em contato no consultório cai na caixa-postal. E eu tentei muito.
Será verdade essa história que existem médicos que passam o número do celular pro paciente? Eu nunca vi.


Estou passando por um momento muito turbulento na minha vida, muitas preocupações, não consigo extravasar, não consigo realizar tudo que a minha mente diz pra eu fazer, meu corpo não responde na mesma velocidade.
Entrei em choque, fui medicada e meu corpo estava relaxado mas a minha mente estava em conflito, milhões de pensamentos por segundo.


Cobranças. As pessoas ao meu redor não entendem a minha doença. Normal.
Dentre os amigos que tenho, poucos entendem de fato a minha doença.
Deve ser estranho pra eles ver uma amiga que era aparentemente feliz, que sempre esteve pronta pra qualquer parada seja sob ou chuva ou sol...e de repente tudo mudou da água pro vinho. Pra mim não tem mais sexta a noite, e eu não estou falando aqui de balada, disso eu nunca gostei, o que me deixa mais triste é que eu perdi a vontade de fazer as coisas que eu mais gostava. As coisas mais simples. Nem o simples, o fácil, nem o prazeroso me interessa. 
Meus amigos não entendem o por que de eu não querer ir a uma festa, ou até mesmo dar uma volta pela cidade o que era rotina entre os nós. 
Sinto falta das risadas fáceis, das piadas sem graça, de ficar até tarde na rua sem precisar  de medicamentos pra ficar bem.
Mas a vida é assim, nada é por acaso.../



Mas vai passar, vai passar, vai passar, vai passar... 
Você não acredita? Eu acredito!!!

ISSO SE CHAMA DEPRESSÃO E TEM TRATAMENTO!  


Sound do Post: Legião Urbana - Quando você voltar

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Diário: Infância Parte I

Ainda consigo lembrar com perfeição de detalhes da minha infância. 
Cheiro de terra molhada, fruta de tudo quanto é jeito e gosto, fui criada no meio do mato, com planta, bicho, e muito mimo. Filha única, sabem como é.
Nasci prematura, depois disso a minha mãe não quis mais ter filhos e se dedicou totalmente a cuidar de mim. Cuidou tanto que quando entrei pra escola era uma criança totalmente lenta, não conseguia acompanhar a matéria, não conseguia nem comer sozinha, não conseguia pegar no lápis quem dirá esfriar a própria sopa.
Tenho boas lembranças até meus seis anos, meus pais eram bem humildes, minha mãe dona de casa e meu pai agricultor.
Enquanto eu era pequena afeto não faltava, meus avós moravam no mesmo quintal e era aquela festa, muito doce, e suco de maracujá. Meus avós sempre cuidaram de mim, eram como pais de verdade pra mim, de verdade.


Ainda aos seis anos de idade minha avó virou estrelinha, faleceu como dizem os adultos.


Foi totalmente inesperado pra mim, eu era uma criança numa redoma de vidro, não haviam cogitado a possibilidade dela não voltar pra casa. 
Ela faleceu em uma cirurgia do coração. Erro médico. [raiva].
Ela foi e não voltou mais, não se despediu, e eu nunca mais tomei suco de maracujá.
Era meio-dia, e todos faziam festa, a minha estrelinha foi enterrada sob o som de fogos de artifício, no dia das crianças, dia de Nossa Senhora Aparecida também, minha santa protetora a quem minha mãe fez promessa pra eu viver. 
Ela se foi e eu não me lembro da última coisa que ela me disse e nem da última expressão que fez. Não lembro do último sorriso, ou dá última palavra. Não me lembro a última vez em que a vi.
Não fui ao velório e nem ao enterro. 
Minha mãe me conta que as más línguas(urubus), incluindo parentes, ouvia-se comentários desnecessários: 


"Quero só ver a hora em que a netinha dela chegar esperneando, vai ser uma gritaria, perigoso até derrubar o caixão, judiação!" 
Aguardavam ansiosamente a minha chegada no velório, o que não aconteceu.
Semanas depois eu ainda chamava avó "involuntariamente" pela casa. Eu chamava e meu pai chorava; chorava ao me ver chamar, lembrar e chorar também.
Minha mãe mais velha tinha morrido e eu não conseguia aceitar, me adaptar, acreditar...
Até que minha mãe "de verdade" veio até mim e disse: 


" - Filha, pare de chorar, quando você chora o papai fica mais triste, ele já está triste demais, a mamãe dele morreu, entende?"


Desde então eu não chorei mais a morte da minha avó. Não na frente deles. Foi a primeira vez em que precisei fingir, minha infância acabou ali.


...


Som do Post: Chico Buarque - Luiza

O Diário da Bruxa

Não sei o que dizer, só sei que sinto.

Em forma de postagens descreverei fases importantes da minha vida, momentos que marcaram pra mim, e que de certa forma colaboraram pra pessoa que me tornei hoje. Uma pessoa cheia de limitações, traumas, medos e que ainda assim tenta ser feliz no sentido mais amplo da palavra.


Quero ser feliz!!! - me vejo gritando por dentro.Quero e é agora! Não tenho tempo, a vida passa e quando a gente olha e vê: tudo mudou! Não somos os mesmos, somos uma revolução, mudanças por segundo, a gente pensa, grita, sofre, ama... "a gente tanta coisa" e por que não a gente ser feliz? - é tentando que se começa, ninguém disse que era fácil.

A sua estória é aquilo que ninguém pode escrever por você, então comece você mesmo a escrever seus dias, desenhar sua caminhada, rabisque sem medo, se precisar apague, o importante é desenhar de novo. =)


***


"Então eu deixo algumas coisas passarem incompletas porque tenho consciência de que certas palavras ainda não têm tradução. Por mais que eu grite, vai ter quem não entenda, não aceite. O que eu não aceito é ter nascido num mundo tão grande e conhecer só uma pequena parte. Vou voar. Quem conseguir compreender, que me acompanhe." - Verônica H.



Som do post: Regina Spector - Aquarius

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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Pra começar


* Delírio: Estado mórbido que leva o paciente a proferir palavras sem nexo. Exaltação. Entusiasmo.
Alucinação, loucura, visão.

* Consciência: Cada um tem a sua.


              ***


Seria possível delirar conscientemente? 
Alucinar, imaginar, desconectar...seria isso possível sem a loucura?
Até que ponto o estado mental limita o ser humano?


A mente humana me faz sentir cada vez mais fascinada. Talvez o ser humano seja minha única paixão atualmente. Irônico e previsível. 
Sempre me interessei pelas pessoas, pela visão de mundo de cada um e suas limitações. Aquariana.

Conhecer pessoas é uma das coisas que mais gosto de fazer. (Não atualmente, logo vão entender rs)
Nunca tive problemas em me relacionar com os outros apesar de ter um gênio forte. Sempre fui de muitos "amigos", rodeada de gente do bem, apesar de ter tudo raras oportunidades de participar de festas, baladas em geral (depois eu conto essa parte, não tive uma adolescência muito "sociavél", digamos assim rs).

Na faculdade sempre tive bons companheiros, ruins também, claro, mas de gente ruim eu prefiro nem comentar. Conheci gente de quase todos os Estados, vários sotaques, músicas típicas, pessoas incríveis que vou lembrar pra sempre. Principalmente dos bons conselhos e das ressacas rs
Que saudade boa, como é revigorante lembrar de coisas boas do passado, principalmente os amigos.
Acho que se tentar me lembrar da última vez em que me senti realmente feliz, foi na faculdade.
Não me formei, tranquei o curso de Direito no penúltimo ano. Normal.Todo mundo erra...e eu errei de curso rs

Conforme os dias foram passando comecei a notar que minhas prioridades não eram as mesmas, eu havia mudado e não me reconhecia. Não tinha vontade de fazer nada, nem ver ninguém. Parei de beber, fui deixando de ir aos lugares que frequentava antes, me isolei do mundo, apenas lia(quando conseguia me concentrar) e fumava muito. 

Minha alimentação que sempre havia sido regrada havia se resumido a Coca-Cola!!! Alimentação 100% Coca-Cola, as vezes quando sentia dor de estômago eu tomava o bom e velho leite, recomendado especialmente para aqueles que "não aguentam" rs

Contatos virtuais e a vida digital nunca foi abandonada por mim, é basicamente a minha fonte de conhecimento, incluindo entretenimento(música, cinema, artes...).

Foi assim que as coisas foram se mostrando pra mim, não tinha mais fome, nem sono, as coisas que antes me interessavam pareciam medíocres, sem sentido.

A depressão nem sempre dá sinais concretos de que está ao seu lado, ela chega de fininho, um dia ela te rouba um sorriso, depois a vontade de sorrir, e quando você vê não sorri mais.

“Minha dor hoje é tão intensa, que acho que a alegria é uma doença e a tristeza é minha saúde.” -  (Autor Desconhecido).